Entrevista que conduzi na passada segunda-feira, no programa Panorama Desportivo, da RCB - Rádio Cova da Beira, que edito e apresento, das 21 às 23 horas.
JJR-A época desportiva esta a decorrer dentro dos planos traçados pela sua
direcção ?
JM- Se estou satisfeito?
Muito satisfeito. Esta a ser uma época tranquila, uma época que foi programada
a tempo e horas, delineada pelo presidente, pelo mister e pelos adjuntos,
portanto, super satisfeito co o desenrolar dos acontecimentos, durante esta
época, sem dúvida.
JJR- Uma das apostas da sua direcção,
durante algumas épocas foi trazer jogadores emprestados de outros clubes,
curiosamente fala-se que terá chegado hoje um atleta emprestado pelo V. Setúbal.
Abandonou esta aposta porquê ?
JM- Para já quero dizer-lhe que não vem
nenhum jogador emprestado do V. Setúbal. Janissio é um jogador livre, estava no
Chipre e assinou esta tarde contrato com o SCC. Em relação á situação que me
coloca: Devo lembrar que quando entrei para a SCC; há 10 anos, faz dia 21 de
Setembro 10 anos, o SCC estava mergulhado em dividas, muitas dividas. Tinha que
se arranjar uma estratégia para se pagar essas dividas, visto que o clube
também não tinha receitas. A estratégia que na altura me ocorreu, em boa hora,
foi junto de colegas presidentes de clubes, meus conhecidos, que tinha na 1ª
liga, optar por esses clubes nos emprestaram jogadores, a custo zero, para podermos andar nos
campeonato profissionais e poder regularizar as dividas que o clube tinha, como
era do conhecimento geral. Portanto, essa foi a estratégia e acho que não havia
outra maneira de resolver o problema, porque o Presidente do SCC não é mecenas,
ninguém é mecenas, não andam ali a por dinheiro no clube a torto e a direito e
portanto, foi essa a estratégia que na altura vi como a melhor para resolver os
problemas financeiros do clube.
A partir do momento que passamos a ter o
problema financeiro do clube orientado, decidimos, e muito bem, deixar de ter jogadores
emprestados e passarmos a ter os nossos próprios jogadores. Começamos por fazer
uma prospeção nos campeonatos secundários e, para todos os efeitos, este é o
melhor campeonato que nós fizemos e com custos mais reduzidos.
Quando os atletas eram emprestados, não
haja duvidas, não conseguíamos vender nenhum, as coisas mudaram, a estratégia
mudou derivado a isso, simplesmente.
JJR- As saídas dos jogadores Paulico,
Apollo, para o Estreito e Joca para a Atalaia enquadram-se em algum processo
evolutivo dos atletas. Eles vão regressar ?
JM-
O mister, juntamente com a direcçao, achamos que o melhor era ( nenhum está na
condição de emprestado porque o empréstimos obrigam que o clube continue a
suportar todos os encargos e o SCC não tem dinheiro para isso) rodarem. O Jota
é o primeiro ano de sénior e achamos que rodal na Atalaia seria bom para o
atleta. Embora o Jota tenha rescindido, ficou o compromisso de se apresentar no
inicio da próxima época para voltar a trabalhar no clube. O Apollo, idem aspas
aspas, mas o Paulico deixou de pertencer aos quadros do SCC e passou a ser um
jogador livre. Já lhe foram dadas oportunidades bastantes, que não soube
aproveitar. Rescindiu para seguir a vida dele, no entanto, o mister, se assim o
entender, poderá dar-lhe mais uma oportunidade, mas não há compromisso nenhum.
Duvido que tal possa acontecer, ddas as muitas oportunidades que lhe foram
dadas.
JJR- Desde o inicio da época já sairam
do clube o Néné, Japa, Lucas, os três jovens e também o Tiago Lopes. O Sporting
ganhou algum dinheiro com a saida deste atleta para a Roménia ?
JM-
Ganhou. Querem saber os milhões que rendeu ? Vão às assembleias gerais que a
gente lá explica e dizemos tudo o que temos para dizer. Como deve compreender
não é de bom tom virmos para a praça pública dizer o que o atleta rendeu ou
deixou de render, o que é verdade é que o atleta ganhava 750,00 €, isto é que é
verdade. Faleceu-lhe o pai em Outubro e atendendo a parte humana, acho que não
devíamos cortar as pernas ao Tiago Lopes. Portou-se muito bem enquanto esteve
no clube, chegou ao SCC por causa da lesão de Diogo Gaspar, portanto,
entendemos que era um bom negócio para o SCC e para o atleta e faz-se a
transferência e, ao contrario do que muita gente possa pensar o SCC foi
ressarcido com uma verba, que, não sendo de milhões, nem sendo de muito
dinheiro, derivado à crise que atravessamos, o SCC fez o que devia, até por que
era um atleta que sabíamos que iriamos ficar sem ele, no final da época, quando
acabasse o contrato, porque já conhecia o interesse dos romenos do Cluj, para
onde acabou por ir.
JJR- Até ao final deste mês o mercado
esta aberto, vai haver mais sáidas. Fala-se que Forbes, Báta, Kakuba e Gui têm
clubes interessados, se assim for, em que condições é que os vai deixar sair ?
JM-
Que eu saiba não chegou nenhuma proposta ao SCC a manifestar interesse nesses
atletas, mas não tenham duvidas, se aparecer, e devido `situação do clube,
estaremos dispostos a negociar com quem nos fizer alguma proposta.
JJR- O Sporting só tem um guarda-redes
disponivel, desde a lesão de Taborda. É certo que Taborda está em franca
recuperação, estando prevista o seu regresso em Fevereiro. Vai esperar pelo
regresso de Taborda ou vai contratar um guarda-redes?
JM-
Não. Neste momento está um atleta do Irão, Haghighi, que já está a treinar com
o plantel. É um guarda-redes de seleção, que quer estar no mundial e que quer
muito jogar no SCC para poder vir a ser selecionado. Estamos a tentar
inscreve-lo mas é um processo complicado porque o jogador estava a jogar no
Irão, emprestado pelo Rubin Kazan da Rússia. Há um emissário da Covilhã que
partiu na 6ª feira para o Irão e depois seguia para Rússia e volta, se calhar,
com os documentos em mão. Como sabe, dia 31, sexta-feira, até às 24 horas,
temos que fazer a inscrição do atleta. Portanto, estamos a todo o momento
prontos para o inscrever, desde que chegue a cedência. É uma cedência porque
não temos, nem de longe nem de perto, argumentos financeiros, para contratar um
jogador destes, um jogador de seleção.
JJR- Haghighi pode vir a ficar no
plantel, juntamente com Igor, Taborda e Daniel Fonseca ?
JM-
Não. O Daniel está posto de parte porque não quis estar com os séniores, por
isso, não entra no grupo e guarda-redes. O Taborda está a recuperar muito bem,
excelente recuperação, temos que louvar o trabalho do fisioterapeuta Carlos
Alberto, que tem sido incansável, também com o Diogo Gaspar, que está muito
adiantado em relação ao tempo que se previa de paragem.
Na
questão do guarda-redes, porque já tivemos tempo bastante para chegar a esta
altura com o problema resolvido e, como deve imaginar, com o mister a lembrar-me
que podemos ter algum problema com o Igor, mas corremos esse risco, de forma
consertada, entre presidente e técnico e até ver as coisas têm corrido bem. Não
será por mais um dia ou dois que vamos fazer as coisas de outra maneira.
JJR- Neste mercado de inverno já ingressaram
no clube o Quizito, Amian, Agostinho Soares e agora o Janissio, está previsto
vir mais alguém ?
JM-
Não. Neste momento e ao contrário do que os sócios apregoavam há uns tempos
atrás, quando se entrou neste mês de Janeiro, que é diabólico ( nunca passei um
mês de Janeiro tão diabólico como este). Falava-se muito no interesse deste ou
daquele, mas a verdade é que estes atletas entraram porque no banco só tínhamos
jovens e o SCC para continuar a competir, - já fez ontem 37 jogos, mais do que
um campeonato do antigamente – achamos por bem e com a possibilidade de um ou
outro atleta serem em conta, em termos financeiros, juntamente com o mister,
adquire esses atletas para reforçar o plantel e, já que estamos a lutar por uma
subida de divisão, até esta data temos estado nos lugares cimeiros, por que não
piscar o olho, sem estar, em termos financeiros, a gastar mais do que estávamos
a gastar até à data !
JJR- O outro iraniano e Pedro Fonseca,
que estão à experiencia, são para ficar?
JM-
O Iraniano já assinou esta tarde e o Pedro Fonseca, embora tenha treinado com o
plantel, não vai ser opção.
JJR- A Taça da Liga é uma competição
com maior interesse desportivo ou finaceiro ? Quanto é que rendeu a presença do
clube nesta competição ?
JM-
Penso que a nível financeiro também é interessante e a nível desportivo, temos
oportunidade de competir e mostrar os nossos jogadores. Na 3ª fase começamos
por ser infelizes, perdemos o jogo já nos descontos, num livre que não existiu,
ficamos sem um jogador, expulso, sem que se perceba porquê e esse jogo era o
mais importante. O mister optou e muito bem, em rodar jogadores que tinham
menos minutos e alguns deles, das nossas camadas jovens, como foi o caso do
Samuel, teve oportunidade de fazer dois jogos a titular, que serviu para ele
poder crescer.
JJR- Com a passagem à 3ª fase falou
que iam entrar muitos milhões no clube, que o clube iria ficar rico.
JM-
Nada disso é verdade. Neste momento a Liga tem muitas dificuldades mas para as
pessoas ficarem tranquilas, o SCC recebeu 30 mil euros da passagem à 3ª fase,
nada dos 100 mil euros que se falava por ai. Portanto, quando quiserem ver as
contas do SCC lá estará o recibo com o 30 mil euros. O Clube não recebe mais
dinheiro visto não dado nenhum dos seus jogos na televisão. Se tivesse dado
algum jogo na TV a receita é regateada no final da Taça da Liga, conforme o
numero de jogos televisionados. Nós até nisso somos pobres. O interior paga-se
e paga-se bem. Ainda ontem tivemos um jogo em que o adversário do SCC, o Rio
Ave, disputava a passagem às meias finais, como veio a acontecer, mas o jogo
que foi transmitido foi entre dois clubes, o Beira Mar e Estoril, que já nada
tinham para decidir, portanto, é à beira-mar… Nós estamos no interior, está
muita neve, muito frio e então as pessoas ficam chateadas de vir à Covilhã e
isso retira-nos receitas com que estávamos a contar.
JJR-
Outra das grandes apostas da sua direção era o regresso dos jogos da equipa de
honra ao Santos Pinto. Quais são os verdadeiros
problemas para que essa aposta se concretize?
JM- Inicialmente estava muito entusiasmado
em levar a equipa para o Santos Pinto, por que entendíamos, nestes anos todos,
que a perder como perdíamos, seria do relvado do Complexo Desportivo ou de
estar o público muito longe. Neste momento ganhamos, estamos longe do público e
portanto não tem a ver com isso. Mas queremos ir para o Santos Pinto. Há uma
série de problemas que tem contribuído para ainda não estarmos lá. Tem sido uma
luta titânica, todos os dias tenho
barafustado com a Liga e o IPDJ. Não são grandes problemas, mas o Estádio José
Santos Pinto tem problemas que já vêm de 1996. Com calma tudo havemos de
resolver e vamos jogar e vamo-nos mudar para o Santos Pinto, mas também quero
dizer: não estou muito preocupado neste momento, até porque tenho falado com o
mister e ele também não está preocupado em mudar para lá, até porque perdemos
lá com o Leixões, e com este tempo de chuva, as bancadas do Complexo Desportivo
oferecem mais conforto aos sócios do que o Santos Pinto. Quando o tempo estiver
melhor até vai ser mais agradável jogar lá
JJR-
Uma das bandeiras da sua direção é a formação. O clube tem todos os
escalões de fornação mas em rigor o aproveitamento tem sido diminuto. Esta
realidade deve-se a quê: Falta de qualidade ou uma menor aposta dos
responsáveis técnicos no lançamento de jovens ?
JM-
Não concordo quando diz que não temos aproveitamento das camadas de jovens.
Clubes como o Benfica, Porto e mesmo o Sporting, embora se possa por de parte o
Sporting atual, não vejo que tenham feito um grande aproveitamento dos seus
escalões de formação e eles gastam milhões. Nós gastamos muito com a formação.
Gastamos entre 150 a 200 mil euros época, num ano um pouco mais porque tivemos
duas equipas nos nacionais. As infraestruturas são as que temos. Neste momento
temos o complexo Desportivo e é lá que trabalhamos. Eu estive nas camadas
jovens do FC Porto e os jogadores, mesmo os juvenis, trabalhavam num campo
pelado que tinha pedras a torto e a direito e não era por isso que não saiam de
lá grandes jogadores. As condições são as que temos, as que a Câmara nos
disponibiliza e já é muito. Só temos é que trabalhar, só temos é que lutar e
quando os senhores dizem que não temos aproveitamento não é verdade. O Lucas é júnior
e está no plantel principal, o Samuel, o Gui, um jogador de qualidade, de 21
anos, o nosso tesouro, veio com 18 anos, jogava nos juniores e treinava com a
equipa de séniores. É um ativo muito valioso do SCC.. Não temos é culpa que os
treinadores olhem para eles de lado e não os ponham a jogar.
JJR-
Esta questão da formação leva-nos para outra realidade, tão ou mais
importante que a anterior: a falta de apoios.
Disse recentemente que o futebol profissional era auto-suficiente mas
que o clube não era só futebol profissional e era para essa variável que
necessitava de apoios. Que apoios necessita e de onde podiam vir esses apoios ?
JM-
Como os apoios na Covilhã são poucos, mas não é de agora. Quando disse essas
coisas foi para alertar consciências. Às vezes é necessário dizer algumas
baboseiras para ver se as pessoas levantam a cabeça e se se lembram que não tem que ser só o presidente e a
direção a trabalhar em determinadas situações. O SCC continua tranquilo da
vida, mas claro que necessitamos de apoios, mas quem não necessita de apoios?
Necessitamos dar melhores condições aos atletas. Neste distrito ainda está para
nascer quem me ensine o que é preciso para a formação de um clube. Eu sei o que
quero para o meu clube, não tenho é condições financeiras para por o clube a
funcionar como eu gostaria, tenho que me cingir ao que tenho, a nível humano, é
muito. O SCC deve ser o único clube deste distrito que não paga um cêntimo aos
técnicos das camadas de formação. Trabalhamos com pessoas que nós gostamos e
que também gostam de nós e do clube e que nos vêm ajudar sem receberem nada em
troca. Mas pagamos inscrições, na Associação de Futebol não devemos um tostão,
pagamos almoços e pagamos transportes, tudo isto para movimentar duzentos e tal
jovens que praticam futebol no SCC. Para isso necessitamos de apoios, porque
tiramos estes jovens da droga, dos fumos e de outras coisas más. Enquanto ali
estão são os dirigentes do SCC que tomam conta deles e fazem as vezes dos pais.
Gostaria muito de ter dois ou três campos de futebol, não com relva sintética,
mas com relva natural, gostava de ter bons técnicos e bons fisioterapeutas,
gostava de ter melhores condições para poder oferecer a esta gente, mas isso
não me i garantir que passasse a ter melhor aproveitamento. O mister esta aqui
que não me deixa mentir. Temos ido ver alguns jogos dos jovens e há sempre um
ou outro que sobressai no meio daquela rapaziada todo. Há um ou outro miúdo
sobre quem temos falado, que queremos que venham para os séniores, mas isso
depende também deles.
Como
presidente, tenho lutado muito para ter jovens da formação, mas nem sempre os
técnicos olham para esta questão, que não é o caso de Chaló. Dou-lhe um
exemplo. O Diogo Gaspar está desde pequenino no SCC e está há três anos com a
equipa sénior. Não jogou um único minuto. Como se impunha, na preparação do
plantel para esta época questionei o mister se Diogo Gaspar era para mandar
embora. A resposta foi esta: presidente, assine com o Diogo porque na próxima
época vai ser o nosso lateral direito. O
Diogo, antes de se lesionar estava a fazer uma época fantástica e mesmo estando
lesionado, vamos assinar brevemente novo contrato, porque temos treinador que
sabe ver quem tem valor. Nem ele sabe, nem nunca lhe disse isto, vai saber pela
Rádio Cova da Beira em primeira mão. Mais dia menos dias, esta ou na próxima
semana vai assinar, a menos que ele não queira. Tem aqui um exemplo, mas podia
dar N exemplos e digo mais, o mister não olha
nomes e veja que fomos buscar o Báta ao Alcanenense, alguém já tinha
ouvido falar do Bata. O Forbes já estava perdido para o futebol, já andava
pelos Açores, não é menosprezar os Açores, mas é porque já não tinha clubes do
continente interessados nos seus serviços e outros que ninguém conhecia. Só
temos que louvar quem os foi buscar.
JJR-
Como estão as relações com a Câmara Municipal?
JM-
Excelentes. Ainda não foi possível falar com o presidente mas temos falado com
pessoas que estão na câmara, que nos têm apoiado naquilo que podem. Em termos
financeiros ainda não tivemos essa conversa mas nós percebemos que quando a
tivermos, de certeza absoluta que a câmara vai fazer o que lhe compete, que é
ajudar o SCC com uma verba para a formação e nós queremos apenas para a
formação, mas quero dizer-lhe que a Câmara tem disponibilizado tudo o que temos
pedido. Tem sido um comportamento exemplar.
JJR- Com o anterior executivo começou
por haver uma verba mensal, passou para protocolos com 50% de uma determinada
verba e a restante com avales, através de cartas de conforto, para a contração
de empréstimos…
JM-
As cartas de conforto no SCC nunca pegaram, por isso nunca houve empréstimos,
independentemente de inventarem o que inventaram. Dava-lhes jeito. So sei dizer
que desses tempos o SCC no mínimo tem a receber 245 mil euros. 90 mil de um
protocolo que nunca chegou ao SCC, de 180 mil euros, assinados só chegou
metade, outro de 150 mil euros, só lá chegaram 75 mil e devem também 80 mil
euros dos torniquetes e da videovigilância que está no Complexo Desportivo. Eu
com esse dinheiro fazia uma grande festa e resolvia alguns problemas que o SCC
tem tido. Essa é a verdade nua e crua. Arranjar malabarismos, depois assinal
protocolos para dizer que não paga … Mas o SCC não morre. O SCC tem pessoas
competentes. Quem estava à espera de cortar as pernas do presidente ou da
direção do SCC enganou-se. Se não queriam pagar só tinham que chamar o presidente
do SCC e dizer-lhe que não tinham dinheiro para pagar. Assim sabíamos com o que
podíamos contar. Prometer e não pagar, não.
JJR- Na mesma conferencia de imprensa
também denunciou a falta de apoios dos empresários da cidade para com o clube.
Sentiu que a mensagem passou ou mantem-se tudo na mesma?
JM-
Naquela altura as mensagens tinham uma direção objetiva. A carapuça só assentou
a quem a enfia. Algumas pessoas prometeram ajudar o SCC e na verdade nunca
vimos rigorosamente nada. Eu não reclamo nada de ninguém, só ajuda quem pode,
os sócios ajudam todos com a sua cota, muito importante para o clube.
JJR- A campanha dos 5000 sócios teve
sucesso?
JM-
Foi. Foi positiva. Chegamos quase aos 4 mil sócios, para quem tinha 2.500 … Os
resultados da equipa também ajudam. Quando ganhamos há uma vontade, quando
perdemos há outra. Neste campo sempre disse: a simples cota dos sócios é muito
importante para o clube. Sinto que algumas pessoas, com posses na Covilhã
podiam ajudar o SCC e não ajudam, mas não importa. Nós estamos cá para
continuar a trabalhar, para pedir, para lutar, para continuar a cumprir os
compromissos que nós vamos fazendo. Pagar é palavra de honra. Por isso, com
mais ou menos dificuldades nós temos tido o apoio, mas como o senhor sabe eu
sou insaciável. Sou insaciável a pedir vitórias, sou insaciável a pedir seja o
que for para o clube. Quero sempre mais: se tivesse 5 mil sócios queria 10 mil e por ai fora. Como não sou uma pessoa
que estou sempre satisfeita e como o dia de amanhã terá que ser melhor que o de
hoje, se não chegarem 24 horas temos que trabalhar 48. Não entendo é que para
não dar se continue a fazer referencia à crise. É a crise, volta a ser a crise
é sempre a crise. Eu não alinho nisso. Se por causa da crise temos que
trabalhar mais então trabalhe-se mais.
JJR- Vamos falar das questões
relacionadas com os “novos” problemas que têm surgido no clube. Começamos com o
problema dos Silos. Depois da denuncia publica que fez, em que acusou a
direcção de João Manuel Petrucci de ter elaborado mal o contrato com a Parque
C, o ex-presidente do clube já veio dizer que o Sr. sabia do contrato e que em
nenhuma situação se detectou que o contrato feito era sujeito à cobrança de IVA.
O que tem a dizer sobre isto?
JM-
Deixe-me esclarecer esta questão. Eu ando há 10 anos a pagar dividas que não
fui eu que as fiz. Quando lá cheguei e depois de ter apurado as contas, disse
que o SCC tinha um milhão de dividas para pagar. Houve alguns inteligentes que
não, não podia ser um milhão de euros. Como ainda sei fazer contas – a minha
vida foi sempre ligada às finaças – o que apurei foi um milhão de euros. Também
não disse, como quiseram fazer crer, que o contrato com a Braga Parques estava
mal feito ou que alguém fez o que quer que seja. O que eu disse, e quando foi
no Natal fiquei, como deve imaginar, ao meu estilo, de vez enquando, “passado”,
como se diz em gíria. Fiquei muito chateado porque numa semana recebi das
finanças para pagar 100 mil euros de IVA, de unm contrato que eu já vou
explicar e ainda por cima recebi de um ex-presidente o pedido de uma quantia
exorbitante para pagar, quando, segundo me lembro, foi um autocarro do SCC o para
a quinta desse senhor e lembro que houve um processo em tribunal em que o SCC
foi condenado a pagar uma determinada verba e que eu saiba e parece que toda a
gente na Covilhã sabe, foi paga, até lhe digo mais, foi paga com dinheiro que
pediram para os silos ( fala-se do ex-presidente Manuel Matias Vaz). Lembro que
nas contas desse senhor não havia papeis que justificassem as despesas e que o
autocarro do SCC foi para a quinta, foi avaliado e serviu para abater à divida.
JJR- Como vai resolver este assunto?
JM-
Está resolvido. Isto é um problema que está resolvido. Há coisas que o tempo
resolve e outras que quem resolve é o tempo.
JJR- É verdade que já teve que pagar
25 mil euros de juros referentes a essa divida ao estado ?
JM-
É verdade. Já paguei 25 mil euros e não foi cobrada indevidamente como já vi
por ai, nos comentários que alguns inteligentes fazem no site da Rádio Cova da
Beira. Dizem que têm tantos anos de finanças e não entendo onde querem chegar.
Para já, quando não tem conhecimento dos processos deviam-se informar.
Acham-nos com cara de anjinhos ? Andamos para aqui a pagar aquilo que não tínhamos
que pagar ?. Temos cá muito dinheiro para isso!
Para
esclarecer o que na conferência de imprensa quis dizer e não tenho culpa que
não tenham percebido, o que o presidente do SCC disse foi que: quando chegou à direção
do Sporting em Setembro de 2004 o Senhor Petrucci tinha recebido em Abril 200
mil euros adiantados da Braga Parques. Não disse que o contrato era de 200 mil
euros, porque não cabe na cabeça de ninguém quando recebia 127 mil euros por
ano e o contrato tinha para ai 6 ou 7 anos. Quiseram fazer passar que eu tinha
dito que o contrato era de 200 mil euros quando toda a gente sabia que o clube
recebia cerca de 11 mil euros por mês.
Como
sabem eu não mando dizer por ninguém o que quer que seja. Quando recebi a
notificação das finanças chamei o Senhor Petrucci par perceber o que se
passava. Outra coisa que eu não disse foi que o contrato era bom ou mau. No meu
entender foi um contrato bom para a altura, toda a gente sabia das
dificuldades.
Outra
questão. É verdade ou não é verdade que antes de alugarem o parque à Braga
Parques era um parque de estacionamento? É claro que sim. Quem fez o contrato
foram os ilustres advogados do SCC e da Braga Parques. Em conjunto são
solidários. A Braga Parques ou Parque C também tem responsabilidades na feitura
do contrato. A mim o que me diz respeito é quem assinou o contrato e quem
assinou o contrato foi o senhor presidente da direção e outro senhor da direção
e eu tenho que tornar público que me estão a pedir o dinheiro. Se as finanças
me querem cobrar, não posso esconder.
Quem
sai prejudicado aqui é o SCC. Foi por isso que disse o que disse e arrependo-me
de ter dito, mas no calor e a ferver, saiu uma frase infeliz. Não podia ter
dito que “alguém vai ter que sentar o cu no mocho” isto não se diz em lado
nenhum. Há outras maneiras de dizer estas coisas. Peço perdão por isso, mas
estava deveras chateado, porque esta coisa de estar 10 anos sempre a levar com
o mesmo é complicado. Quem assinou o contrato foi o senhor Petrucci e por isso
é co-responsável. Quem o fez foram os advogados mas quem assinou foi o
presidente e ele era o máximo responsável do clube.
Já
foi ter uma reunião com a Braga Parques e eles disseram que nunca tinham tido
caso nenhum deste género e a Braga Parques é a melhor no país.
Fomos
ainda confrontados com outras baboseiras que nos entristecem. Que nada fizemos
para resolver o problema, que ficamos sossegados. O presidente do Covilhã é um
burrinho que anda aqui, que não sabe o que anda a fazer! Não, nós recebemos em
Agosto das finanças, bem fundamentada, a notificação que tínhamos que pagar
aquela importância é porquê só a partir de 2008 ?, porque para trás já tinha
prescrito, se assim não fosse a verba era muito maior.
O
contrato que fizeram em 2008 foi mal elaborado, chamem-lhe contrato de
arrendamento ou de exploração, chamem-lhe o que quiserem, mas está mal feito.
Mas, que não se ponha aqui que houve má fé de alguém, de quem está a falar no
assunto ou de quem fez o contrato. Mas não há responsáveis ? Eu compreendo que
o senhor Petrucci não perceba de economia e de questões jurídicas, como eu não
percebo, damos às pessoas entendidas e ele na boa fé deu aos seus advogados.
Depois das finanças terem constatado o engano e terem notificado o Sporting,
nós fizemos tudo, contestamos, voltamos a contestar, já não tínhamos condições
de resolver o problema que não fosse com a Braga Parques. Deslocamo-nos a Braga,
eu, o presidente do conselho fiscal, que é um homem entendido na matéria, o
contabilista e o senhor presidente da assembleia geral, porque eu não assumo
esta responsabilidade sozinho. Mesmo quando se diz que eu já cá estava em 2004,
é verdade e o que eu fiz na altura foi entregar todos os processos ao Revisor
Oficial de Contas para conferir se estava tudo conforme. Ninguém me disse nada,
é porque estava tudo bem.
JJR- Quem é que tinha que pagar o IVA ?
JM-
O SCC foi prejudicado pela má feitura do contrato, os procedimentos seriam o
SCC cobrar o IVA à Braga Parques que depois entregaria ao Estado. Neste momento
o SCC paga sem ter recebido da Braga Parques, que também não nada de acordo em
nos fazer chegar esse dinheiro. Na reunião que tivemos tentamos reaver esse
dinheiro, se não o conseguirmos temos que tentar por outros meios, porque não
podemos ser só nós a pagar. É verdade que o SCC fez o contrato mas a Braga
parques é solidária na feitura do mesmo. Agora vamos ver o que podemos fazer.
Temos que ir pelos caminhos certos, não com “sentar o cu no mocho” mais uma vez peço
desculpa por ter utilizado esta frase. Reforço que não há aqui má fé do Senhor
Petrucci o que houve foi desconhecimento e uma falha, uma falha que também eu
cometi, quando entreguei os documentos aos técnicos e apenas os cobri por cima,
como nós dizíamos na tropa. Acontece.
JJR- O Sporting tem mais alguns
assuntos pendentes na justiça, com ex- técnicos ou jogadores ?
JM-
Só tivemos um problema com o treinador senhor João Pinto mas que foi resolvido
em tribunal, o SCC não ficou prejudicado e agora estamos a pagar o valor
acordado.
Como
estão .
JJR- Houve alguma evolução nas
questões relacionadas com o diferendo da sua direção com ex-presidente da mesa
da assembleia geral, António Lopes?
JM-
Nós estamos cheios de processos desses. São assuntos que não interessam.
Estamos no clube para defende os seus interesses, fazer o melhor que podemos e
sabemos e, como costumo dizer e esta frase é de marca “ não tenho medo de
ninguém”. Uma coisa lhe garanto, Deus nos ajude e dê saúde ao nosso treinador e
garanto-lhe que este ano o SCC vai ter os problemas que há anos andam para ser
resolvidos, deixar o clube sem dividas..
RCB- Como está a questão da área
social?
JM-
Estamos a pagar o leasing e o que recebemos de rendas não chega para pagar
metade da mensalidade ao banco. A equipa profissional trabalha para ajudar a
formação e para as infraestruturas que o clube tem e isso não pode ser. As
infraestruturas é que têm que dar dinheiro para o futebol profissional.
JJR- O Sporting pode chegar à liga
principal?
JM-
Adorava muito ir para a 1ª liga, ninguém gosta mais de ganhar do que eu, só sei
ganhar, mas sei dar a mão à palmatória - ainda bem que este ano temos perdido menos
vezes – mas a subida é muito complicado.
JJR- Qual é a sua posição em relação à
contestação que está a ser feita ao presidente da Liga, Mário Figueiredo?
JM-
Uma vergonha. O SCC nunca apoiou o Dr. Mário Figueiredo, avisei, votamos. Fico
triste que as pessoas que o lá puseram sejam as mesmas que o querem por de lá
para fora. Ele termina o mandato em Junho, e na minha opinião o melhor é deixar
passar o tempo.
JJR- Qual a sua opinião da eventual
divisão da Liga de Honra em duas zonas ?
JM-
O SCC foi o único clube que votou contra esta proposta. É uma vergonha. Um dia
destes acabam com a 2ª liga e volta tudo para
Federação.
RCB- Esteve presente na reunião que o
Sporting promoveu para apresentar sugestões para melhorar o futebol nacional ?
O que achou das propostas ?
JM-
Fui convidado mas não oportunidade de ter estado presente, embora tenha todos
os documentos ainda não tive tempo de os analisar, mas é positivo haver quem
lance ideias para melhorar o futebol.
JJR- Como analisa as questões da
arbitragem. O Sporting foi muito prejudicado no recente jogo que realizou em
Viseu. A actuação de Duarte Gomes foi uma situação isolada ou Sporting tem
referenciados outros maus desempenhos dos árbitros?
JM-
Acho que a arbitragem no global está melhor. Os árbitros têm feito um bom
trabalho. Eu que esta época tenho ido para o banco em todos os jogos, verifico
que não é fácil. Nós cá fora não vemos alguns lances e acredito que aos árbitro
aconteça a mesma coisa. Nós temos tido arbitragens excelentes. Nos 37 jogos já
realizados, tivemos 5/6 arbitragens menos conseguidas. No deve e haver não deve
haver diferença, agora, sempre se pode melhorar. O problema das televisões não
ajuda nada, com as inúmeras câmaras vê-se tudo e discute-se a intensidade e ai
esteve bem o presidente do Sporting ao se referir ao intensómetro.
Em
Viseu apercebi-me que o árbitro esteve mal, mas que quer que lhe diga. Não foi
por vontade dele, com certeza, pode ter sido por influência do auxiliar, o que
é verdade é que o SCC foi prejudicado.
JJR- Como vai o relacionamento do
Sporting com outros clubes da cidade e região e também com a AFCB?
JM-
O SCC sempre se deu bem com todos os clubes, só não se dá bem connosco quem não
quer. Da AFCB tenho algumas razões. Dou-me bem com o senhor Presidente, mas há
alguns problemas nas camadas de formação. Nos mais pequeninos organizam-se os
encontros e a AFCB nem árbitros indicam para os jogos. Não gastam um cêntimo, no
entanto os clubes pagam as inscrições, mas são pequenas coisas.
JJR-
Porque não fornece as convocatórias à comunicação Social?
JM- Para não dar trunfos aos nossos
adversários
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