quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Entrevista a José Mendes

Entrevista que conduzi na passada segunda-feira, no programa Panorama Desportivo, da RCB - Rádio Cova da Beira, que edito e apresento, das 21 às 23 horas.

JJR-A época desportiva esta a decorrer dentro dos planos traçados pela sua direcção ?

JM- Se estou satisfeito? Muito satisfeito. Esta a ser uma época tranquila, uma época que foi programada a tempo e horas, delineada pelo presidente, pelo mister e pelos adjuntos, portanto, super satisfeito co o desenrolar dos acontecimentos, durante esta época, sem dúvida.


JJR- Uma das apostas da sua direcção, durante algumas épocas foi trazer jogadores emprestados de outros clubes, curiosamente fala-se que terá chegado hoje um atleta emprestado pelo V. Setúbal. Abandonou esta aposta porquê ?

JM- Para já quero dizer-lhe que não vem nenhum jogador emprestado do V. Setúbal. Janissio é um jogador livre, estava no Chipre e assinou esta tarde contrato com o SCC. Em relação á situação que me coloca: Devo lembrar que quando entrei para a SCC; há 10 anos, faz dia 21 de Setembro 10 anos, o SCC estava mergulhado em dividas, muitas dividas. Tinha que se arranjar uma estratégia para se pagar essas dividas, visto que o clube também não tinha receitas. A estratégia que na altura me ocorreu, em boa hora, foi junto de colegas presidentes de clubes, meus conhecidos, que tinha na 1ª liga, optar por esses clubes nos emprestaram jogadores,  a custo zero, para podermos andar nos campeonato profissionais e poder regularizar as dividas que o clube tinha, como era do conhecimento geral. Portanto, essa foi a estratégia e acho que não havia outra maneira de resolver o problema, porque o Presidente do SCC não é mecenas, ninguém é mecenas, não andam ali a por dinheiro no clube a torto e a direito e portanto, foi essa a estratégia que na altura vi como a melhor para resolver os problemas financeiros do clube.

A partir do momento que passamos a ter o problema financeiro do clube orientado, decidimos, e  muito bem, deixar de ter jogadores emprestados e passarmos a ter os nossos próprios jogadores. Começamos por fazer uma prospeção nos campeonatos secundários e, para todos os efeitos, este é o melhor campeonato que nós fizemos e com custos mais reduzidos.

Quando os atletas eram emprestados, não haja duvidas, não conseguíamos vender nenhum, as coisas mudaram, a estratégia mudou derivado a isso, simplesmente.

JJR- As saídas dos jogadores Paulico, Apollo, para o Estreito e Joca para a Atalaia enquadram-se em algum processo evolutivo dos atletas. Eles vão regressar ?

JM- O mister, juntamente com a direcçao, achamos que o melhor era ( nenhum está na condição de emprestado porque o empréstimos obrigam que o clube continue a suportar todos os encargos e o SCC não tem dinheiro para isso) rodarem. O Jota é o primeiro ano de sénior e achamos que rodal na Atalaia seria bom para o atleta. Embora o Jota tenha rescindido, ficou o compromisso de se apresentar no inicio da próxima época para voltar a trabalhar no clube. O Apollo, idem aspas aspas, mas o Paulico deixou de pertencer aos quadros do SCC e passou a ser um jogador livre. Já lhe foram dadas oportunidades bastantes, que não soube aproveitar. Rescindiu para seguir a vida dele, no entanto, o mister, se assim o entender, poderá dar-lhe mais uma oportunidade, mas não há compromisso nenhum. Duvido que tal possa acontecer, ddas as muitas oportunidades que lhe foram dadas.

JJR- Desde o inicio da época já sairam do clube o Néné, Japa, Lucas, os três jovens e também o Tiago Lopes. O Sporting ganhou algum dinheiro com a saida deste atleta para a Roménia ?

JM- Ganhou. Querem saber os milhões que rendeu ? Vão às assembleias gerais que a gente lá explica e dizemos tudo o que temos para dizer. Como deve compreender não é de bom tom virmos para a praça pública dizer o que o atleta rendeu ou deixou de render, o que é verdade é que o atleta ganhava 750,00 €, isto é que é verdade. Faleceu-lhe o pai em Outubro e atendendo a parte humana, acho que não devíamos cortar as pernas ao Tiago Lopes. Portou-se muito bem enquanto esteve no clube, chegou ao SCC por causa da lesão de Diogo Gaspar, portanto, entendemos que era um bom negócio para o SCC e para o atleta e faz-se a transferência e, ao contrario do que muita gente possa pensar o SCC foi ressarcido com uma verba, que, não sendo de milhões, nem sendo de muito dinheiro, derivado à crise que atravessamos, o SCC fez o que devia, até por que era um atleta que sabíamos que iriamos ficar sem ele, no final da época, quando acabasse o contrato, porque já conhecia o interesse dos romenos do Cluj, para onde acabou por ir.

JJR- Até ao final deste mês o mercado esta aberto, vai haver mais sáidas. Fala-se que Forbes, Báta, Kakuba e Gui têm clubes interessados, se assim for, em que condições é que os vai deixar sair ?

JM- Que eu saiba não chegou nenhuma proposta ao SCC a manifestar interesse nesses atletas, mas não tenham duvidas, se aparecer, e devido `situação do clube, estaremos dispostos a negociar com quem nos fizer alguma proposta.


JJR- O Sporting só tem um guarda-redes disponivel, desde a lesão de Taborda. É certo que Taborda está em franca recuperação, estando prevista o seu regresso em Fevereiro. Vai esperar pelo regresso de Taborda ou vai contratar um guarda-redes?

JM- Não. Neste momento está um atleta do Irão, Haghighi, que já está a treinar com o plantel. É um guarda-redes de seleção, que quer estar no mundial e que quer muito jogar no SCC para poder vir a ser selecionado. Estamos a tentar inscreve-lo mas é um processo complicado porque o jogador estava a jogar no Irão, emprestado pelo Rubin Kazan da Rússia. Há um emissário da Covilhã que partiu na 6ª feira para o Irão e depois seguia para Rússia e volta, se calhar, com os documentos em mão. Como sabe, dia 31, sexta-feira, até às 24 horas, temos que fazer a inscrição do atleta. Portanto, estamos a todo o momento prontos para o inscrever, desde que chegue a cedência. É uma cedência porque não temos, nem de longe nem de perto, argumentos financeiros, para contratar um jogador destes, um jogador de seleção.


JJR- Haghighi pode vir a ficar no plantel, juntamente com Igor, Taborda e Daniel Fonseca ?

JM- Não. O Daniel está posto de parte porque não quis estar com os séniores, por isso, não entra no grupo e guarda-redes. O Taborda está a recuperar muito bem, excelente recuperação, temos que louvar o trabalho do fisioterapeuta Carlos Alberto, que tem sido incansável, também com o Diogo Gaspar, que está muito adiantado em relação ao tempo que se previa de paragem.

Na questão do guarda-redes, porque já tivemos tempo bastante para chegar a esta altura com o problema resolvido e, como deve imaginar, com o mister a lembrar-me que podemos ter algum problema com o Igor, mas corremos esse risco, de forma consertada, entre presidente e técnico e até ver as coisas têm corrido bem. Não será por mais um dia ou dois que vamos fazer as coisas de outra maneira.


JJR- Neste mercado de inverno já ingressaram no clube o Quizito, Amian, Agostinho Soares e agora o Janissio, está previsto vir mais alguém ?

JM- Não. Neste momento e ao contrário do que os sócios apregoavam há uns tempos atrás, quando se entrou neste mês de Janeiro, que é diabólico ( nunca passei um mês de Janeiro tão diabólico como este). Falava-se muito no interesse deste ou daquele, mas a verdade é que estes atletas entraram porque no banco só tínhamos jovens e o SCC para continuar a competir, - já fez ontem 37 jogos, mais do que um campeonato do antigamente – achamos por bem e com a possibilidade de um ou outro atleta serem em conta, em termos financeiros, juntamente com o mister, adquire esses atletas para reforçar o plantel e, já que estamos a lutar por uma subida de divisão, até esta data temos estado nos lugares cimeiros, por que não piscar o olho, sem estar, em termos financeiros, a gastar mais do que estávamos a gastar até à data !


JJR- O outro iraniano e Pedro Fonseca, que estão à experiencia, são para ficar?

JM- O Iraniano já assinou esta tarde e o Pedro Fonseca, embora tenha treinado com o plantel, não vai ser opção.


JJR- A Taça da Liga é uma competição com maior interesse desportivo ou finaceiro ? Quanto é que rendeu a presença do clube nesta competição ?

JM- Penso que a nível financeiro também é interessante e a nível desportivo, temos oportunidade de competir e mostrar os nossos jogadores. Na 3ª fase começamos por ser infelizes, perdemos o jogo já nos descontos, num livre que não existiu, ficamos sem um jogador, expulso, sem que se perceba porquê e esse jogo era o mais importante. O mister optou e muito bem, em rodar jogadores que tinham menos minutos e alguns deles, das nossas camadas jovens, como foi o caso do Samuel, teve oportunidade de fazer dois jogos a titular, que serviu para ele poder crescer.


JJR- Com a passagem à 3ª fase falou que iam entrar muitos milhões no clube, que o clube iria ficar rico.

JM- Nada disso é verdade. Neste momento a Liga tem muitas dificuldades mas para as pessoas ficarem tranquilas, o SCC recebeu 30 mil euros da passagem à 3ª fase, nada dos 100 mil euros que se falava por ai. Portanto, quando quiserem ver as contas do SCC lá estará o recibo com o 30 mil euros. O Clube não recebe mais dinheiro visto não dado nenhum dos seus jogos na televisão. Se tivesse dado algum jogo na TV a receita é regateada no final da Taça da Liga, conforme o numero de jogos televisionados. Nós até nisso somos pobres. O interior paga-se e paga-se bem. Ainda ontem tivemos um jogo em que o adversário do SCC, o Rio Ave, disputava a passagem às meias finais, como veio a acontecer, mas o jogo que foi transmitido foi entre dois clubes, o Beira Mar e Estoril, que já nada tinham para decidir, portanto, é à beira-mar… Nós estamos no interior, está muita neve, muito frio e então as pessoas ficam chateadas de vir à Covilhã e isso retira-nos receitas com que estávamos a contar.


JJR- Outra das grandes apostas da sua direção era o regresso dos jogos da equipa de honra ao Santos Pinto. Quais são os verdadeiros  problemas para que essa aposta se concretize?

JM- Inicialmente estava muito entusiasmado em levar a equipa para o Santos Pinto, por que entendíamos, nestes anos todos, que a perder como perdíamos, seria do relvado do Complexo Desportivo ou de estar o público muito longe. Neste momento ganhamos, estamos longe do público e portanto não tem a ver com isso. Mas queremos ir para o Santos Pinto. Há uma série de problemas que tem contribuído para ainda não estarmos lá. Tem sido uma luta titânica, todos os  dias tenho barafustado com a Liga e o IPDJ. Não são grandes problemas, mas o Estádio José Santos Pinto tem problemas que já vêm de 1996. Com calma tudo havemos de resolver e vamos jogar e vamo-nos mudar para o Santos Pinto, mas também quero dizer: não estou muito preocupado neste momento, até porque tenho falado com o mister e ele também não está preocupado em mudar para lá, até porque perdemos lá com o Leixões, e com este tempo de chuva, as bancadas do Complexo Desportivo oferecem mais conforto aos sócios do que o Santos Pinto. Quando o tempo estiver melhor até vai ser mais agradável jogar lá


JJR-  Uma das bandeiras da sua direção é a formação. O clube tem todos os escalões de fornação mas em rigor o aproveitamento tem sido diminuto. Esta realidade deve-se a quê: Falta de qualidade ou uma menor aposta dos responsáveis técnicos no lançamento de jovens ?

JM- Não concordo quando diz que não temos aproveitamento das camadas de jovens. Clubes como o Benfica, Porto e mesmo o Sporting, embora se possa por de parte o Sporting atual, não vejo que tenham feito um grande aproveitamento dos seus escalões de formação e eles gastam milhões. Nós gastamos muito com a formação. Gastamos entre 150 a 200 mil euros época, num ano um pouco mais porque tivemos duas equipas nos nacionais. As infraestruturas são as que temos. Neste momento temos o complexo Desportivo e é lá que trabalhamos. Eu estive nas camadas jovens do FC Porto e os jogadores, mesmo os juvenis, trabalhavam num campo pelado que tinha pedras a torto e a direito e não era por isso que não saiam de lá grandes jogadores. As condições são as que temos, as que a Câmara nos disponibiliza e já é muito. Só temos é que trabalhar, só temos é que lutar e quando os senhores dizem que não temos aproveitamento não é verdade. O Lucas é júnior e está no plantel principal, o Samuel, o Gui, um jogador de qualidade, de 21 anos, o nosso tesouro, veio com 18 anos, jogava nos juniores e treinava com a equipa de séniores. É um ativo muito valioso do SCC.. Não temos é culpa que os treinadores olhem para eles de lado e não os ponham a jogar.


JJR-  Esta questão da formação leva-nos para outra realidade, tão ou mais importante que a anterior: a falta de apoios.  Disse recentemente que o futebol profissional era auto-suficiente mas que o clube não era só futebol profissional e era para essa variável que necessitava de apoios. Que apoios necessita e de onde podiam vir esses apoios ?

JM- Como os apoios na Covilhã são poucos, mas não é de agora. Quando disse essas coisas foi para alertar consciências. Às vezes é necessário dizer algumas baboseiras para ver se as pessoas levantam a cabeça e se se lembram  que não tem que ser só o presidente e a direção a trabalhar em determinadas situações. O SCC continua tranquilo da vida, mas claro que necessitamos de apoios, mas quem não necessita de apoios? Necessitamos dar melhores condições aos atletas. Neste distrito ainda está para nascer quem me ensine o que é preciso para a formação de um clube. Eu sei o que quero para o meu clube, não tenho é condições financeiras para por o clube a funcionar como eu gostaria, tenho que me cingir ao que tenho, a nível humano, é muito. O SCC deve ser o único clube deste distrito que não paga um cêntimo aos técnicos das camadas de formação. Trabalhamos com pessoas que nós gostamos e que também gostam de nós e do clube e que nos vêm ajudar sem receberem nada em troca. Mas pagamos inscrições, na Associação de Futebol não devemos um tostão, pagamos almoços e pagamos transportes, tudo isto para movimentar duzentos e tal jovens que praticam futebol no SCC. Para isso necessitamos de apoios, porque tiramos estes jovens da droga, dos fumos e de outras coisas más. Enquanto ali estão são os dirigentes do SCC que tomam conta deles e fazem as vezes dos pais. Gostaria muito de ter dois ou três campos de futebol, não com relva sintética, mas com relva natural, gostava de ter bons técnicos e bons fisioterapeutas, gostava de ter melhores condições para poder oferecer a esta gente, mas isso não me i garantir que passasse a ter melhor aproveitamento. O mister esta aqui que não me deixa mentir. Temos ido ver alguns jogos dos jovens e há sempre um ou outro que sobressai no meio daquela rapaziada todo. Há um ou outro miúdo sobre quem temos falado, que queremos que venham para os séniores, mas isso depende também deles.

Como presidente, tenho lutado muito para ter jovens da formação, mas nem sempre os técnicos olham para esta questão, que não é o caso de Chaló. Dou-lhe um exemplo. O Diogo Gaspar está desde pequenino no SCC e está há três anos com a equipa sénior. Não jogou um único minuto. Como se impunha, na preparação do plantel para esta época questionei o mister se Diogo Gaspar era para mandar embora. A resposta foi esta: presidente, assine com o Diogo porque na próxima época vai ser o nosso lateral direito.  O Diogo, antes de se lesionar estava a fazer uma época fantástica e mesmo estando lesionado, vamos assinar brevemente novo contrato, porque temos treinador que sabe ver quem tem valor. Nem ele sabe, nem nunca lhe disse isto, vai saber pela Rádio Cova da Beira em primeira mão. Mais dia menos dias, esta ou na próxima semana vai assinar, a menos que ele não queira. Tem aqui um exemplo, mas podia dar N exemplos e digo mais, o mister não olha  nomes e veja que fomos buscar o Báta ao Alcanenense, alguém já tinha ouvido falar do Bata. O Forbes já estava perdido para o futebol, já andava pelos Açores, não é menosprezar os Açores, mas é porque já não tinha clubes do continente interessados nos seus serviços e outros que ninguém conhecia. Só temos que louvar quem os foi buscar.


JJR-  Como estão as relações com a Câmara Municipal?

JM- Excelentes. Ainda não foi possível falar com o presidente mas temos falado com pessoas que estão na câmara, que nos têm apoiado naquilo que podem. Em termos financeiros ainda não tivemos essa conversa mas nós percebemos que quando a tivermos, de certeza absoluta que a câmara vai fazer o que lhe compete, que é ajudar o SCC com uma verba para a formação e nós queremos apenas para a formação, mas quero dizer-lhe que a Câmara tem disponibilizado tudo o que temos pedido. Tem sido um comportamento exemplar.


JJR- Com o anterior executivo começou por haver uma verba mensal, passou para protocolos com 50% de uma determinada verba e a restante com avales, através de cartas de conforto, para a contração de empréstimos…

JM- As cartas de conforto no SCC nunca pegaram, por isso nunca houve empréstimos, independentemente de inventarem o que inventaram. Dava-lhes jeito. So sei dizer que desses tempos o SCC no mínimo tem a receber 245 mil euros. 90 mil de um protocolo que nunca chegou ao SCC, de 180 mil euros, assinados só chegou metade, outro de 150 mil euros, só lá chegaram 75 mil e devem também 80 mil euros dos torniquetes e da videovigilância que está no Complexo Desportivo. Eu com esse dinheiro fazia uma grande festa e resolvia alguns problemas que o SCC tem tido. Essa é a verdade nua e crua. Arranjar malabarismos, depois assinal protocolos para dizer que não paga … Mas o SCC não morre. O SCC tem pessoas competentes. Quem estava à espera de cortar as pernas do presidente ou da direção do SCC enganou-se. Se não queriam pagar só tinham que chamar o presidente do SCC e dizer-lhe que não tinham dinheiro para pagar. Assim sabíamos com o que podíamos contar. Prometer e não pagar, não.



JJR- Na mesma conferencia de imprensa também denunciou a falta de apoios dos empresários da cidade para com o clube. Sentiu que a mensagem passou ou mantem-se tudo na mesma?

JM- Naquela altura as mensagens tinham uma direção objetiva. A carapuça só assentou a quem a enfia. Algumas pessoas prometeram ajudar o SCC e na verdade nunca vimos rigorosamente nada. Eu não reclamo nada de ninguém, só ajuda quem pode, os sócios ajudam todos com a sua cota, muito importante para o clube.


JJR- A campanha dos 5000 sócios teve sucesso?

JM- Foi. Foi positiva. Chegamos quase aos 4 mil sócios, para quem tinha 2.500 … Os resultados da equipa também ajudam. Quando ganhamos há uma vontade, quando perdemos há outra. Neste campo sempre disse: a simples cota dos sócios é muito importante para o clube. Sinto que algumas pessoas, com posses na Covilhã podiam ajudar o SCC e não ajudam, mas não importa. Nós estamos cá para continuar a trabalhar, para pedir, para lutar, para continuar a cumprir os compromissos que nós vamos fazendo. Pagar é palavra de honra. Por isso, com mais ou menos dificuldades nós temos tido o apoio, mas como o senhor sabe eu sou insaciável. Sou insaciável a pedir vitórias, sou insaciável a pedir seja o que for para o clube. Quero sempre mais: se tivesse 5 mil sócios queria 10  mil e por ai fora. Como não sou uma pessoa que estou sempre satisfeita e como o dia de amanhã terá que ser melhor que o de hoje, se não chegarem 24 horas temos que trabalhar 48. Não entendo é que para não dar se continue a fazer referencia à crise. É a crise, volta a ser a crise é sempre a crise. Eu não alinho nisso. Se por causa da crise temos que trabalhar mais então trabalhe-se mais.


JJR- Vamos falar das questões relacionadas com os “novos” problemas que têm surgido no clube. Começamos com o problema dos Silos. Depois da denuncia publica que fez, em que acusou a direcção de João Manuel Petrucci de ter elaborado mal o contrato com a Parque C, o ex-presidente do clube já veio dizer que o Sr. sabia do contrato e que em nenhuma situação se detectou que o contrato feito era sujeito à cobrança de IVA. O que tem a dizer sobre isto?

JM- Deixe-me esclarecer esta questão. Eu ando há 10 anos a pagar dividas que não fui eu que as fiz. Quando lá cheguei e depois de ter apurado as contas, disse que o SCC tinha um milhão de dividas para pagar. Houve alguns inteligentes que não, não podia ser um milhão de euros. Como ainda sei fazer contas – a minha vida foi sempre ligada às finaças – o que apurei foi um milhão de euros. Também não disse, como quiseram fazer crer, que o contrato com a Braga Parques estava mal feito ou que alguém fez o que quer que seja. O que eu disse, e quando foi no Natal fiquei, como deve imaginar, ao meu estilo, de vez enquando, “passado”, como se diz em gíria. Fiquei muito chateado porque numa semana recebi das finanças para pagar 100 mil euros de IVA, de unm contrato que eu já vou explicar e ainda por cima recebi de um ex-presidente o pedido de uma quantia exorbitante para pagar, quando, segundo me lembro, foi um autocarro do SCC o para a quinta desse senhor e lembro que houve um processo em tribunal em que o SCC foi condenado a pagar uma determinada verba e que eu saiba e parece que toda a gente na Covilhã sabe, foi paga, até lhe digo mais, foi paga com dinheiro que pediram para os silos ( fala-se do ex-presidente Manuel Matias Vaz). Lembro que nas contas desse senhor não havia papeis que justificassem as despesas e que o autocarro do SCC foi para a quinta, foi avaliado e serviu para abater à divida.


JJR- Como vai resolver este assunto?

JM- Está resolvido. Isto é um problema que está resolvido. Há coisas que o tempo resolve e outras que quem resolve é o tempo.


JJR- É verdade que já teve que pagar 25 mil euros de juros referentes a essa divida ao estado ?

JM- É verdade. Já paguei 25 mil euros e não foi cobrada indevidamente como já vi por ai, nos comentários que alguns inteligentes fazem no site da Rádio Cova da Beira. Dizem que têm tantos anos de finanças e não entendo onde querem chegar. Para já, quando não tem conhecimento dos processos deviam-se informar. Acham-nos com cara de anjinhos ? Andamos para aqui a pagar aquilo que não tínhamos que pagar ?. Temos cá muito dinheiro para isso!

Para esclarecer o que na conferência de imprensa quis dizer e não tenho culpa que não tenham percebido, o que o presidente do SCC disse foi que: quando chegou à direção do Sporting em Setembro de 2004 o Senhor Petrucci tinha recebido em Abril 200 mil euros adiantados da Braga Parques. Não disse que o contrato era de 200 mil euros, porque não cabe na cabeça de ninguém quando recebia 127 mil euros por ano e o contrato tinha para ai 6 ou 7 anos. Quiseram fazer passar que eu tinha dito que o contrato era de 200 mil euros quando toda a gente sabia que o clube recebia cerca de 11 mil euros por mês.

Como sabem eu não mando dizer por ninguém o que quer que seja. Quando recebi a notificação das finanças chamei o Senhor Petrucci par perceber o que se passava. Outra coisa que eu não disse foi que o contrato era bom ou mau. No meu entender foi um contrato bom para a altura, toda a gente sabia das dificuldades.

Outra questão. É verdade ou não é verdade que antes de alugarem o parque à Braga Parques era um parque de estacionamento? É claro que sim. Quem fez o contrato foram os ilustres advogados do SCC e da Braga Parques. Em conjunto são solidários. A Braga Parques ou Parque C também tem responsabilidades na feitura do contrato. A mim o que me diz respeito é quem assinou o contrato e quem assinou o contrato foi o senhor presidente da direção e outro senhor da direção e eu tenho que tornar público que me estão a pedir o dinheiro. Se as finanças me querem cobrar, não posso esconder.

Quem sai prejudicado aqui é o SCC. Foi por isso que disse o que disse e arrependo-me de ter dito, mas no calor e a ferver, saiu uma frase infeliz. Não podia ter dito que “alguém vai ter que sentar o cu no mocho” isto não se diz em lado nenhum. Há outras maneiras de dizer estas coisas. Peço perdão por isso, mas estava deveras chateado, porque esta coisa de estar 10 anos sempre a levar com o mesmo é complicado. Quem assinou o contrato foi o senhor Petrucci e por isso é co-responsável. Quem o fez foram os advogados mas quem assinou foi o presidente e ele era o máximo responsável do clube.

Já foi ter uma reunião com a Braga Parques e eles disseram que nunca tinham tido caso nenhum deste género e a Braga Parques é a melhor no país.

Fomos ainda confrontados com outras baboseiras que nos entristecem. Que nada fizemos para resolver o problema, que ficamos sossegados. O presidente do Covilhã é um burrinho que anda aqui, que não sabe o que anda a fazer! Não, nós recebemos em Agosto das finanças, bem fundamentada, a notificação que tínhamos que pagar aquela importância é porquê só a partir de 2008 ?, porque para trás já tinha prescrito, se assim não fosse a verba era muito maior.

O contrato que fizeram em 2008 foi mal elaborado, chamem-lhe contrato de arrendamento ou de exploração, chamem-lhe o que quiserem, mas está mal feito. Mas, que não se ponha aqui que houve má fé de alguém, de quem está a falar no assunto ou de quem fez o contrato. Mas não há responsáveis ? Eu compreendo que o senhor Petrucci não perceba de economia e de questões jurídicas, como eu não percebo, damos às pessoas entendidas e ele na boa fé deu aos seus advogados. Depois das finanças terem constatado o engano e terem notificado o Sporting, nós fizemos tudo, contestamos, voltamos a contestar, já não tínhamos condições de resolver o problema que não fosse com a Braga Parques. Deslocamo-nos a Braga, eu, o presidente do conselho fiscal, que é um homem entendido na matéria, o contabilista e o senhor presidente da assembleia geral, porque eu não assumo esta responsabilidade sozinho. Mesmo quando se diz que eu já cá estava em 2004, é verdade e o que eu fiz na altura foi entregar todos os processos ao Revisor Oficial de Contas para conferir se estava tudo conforme. Ninguém me disse nada, é porque estava tudo bem.


JJR- Quem é que tinha que pagar o IVA ?

JM- O SCC foi prejudicado pela má feitura do contrato, os procedimentos seriam o SCC cobrar o IVA à Braga Parques que depois entregaria ao Estado. Neste momento o SCC paga sem ter recebido da Braga Parques, que também não nada de acordo em nos fazer chegar esse dinheiro. Na reunião que tivemos tentamos reaver esse dinheiro, se não o conseguirmos temos que tentar por outros meios, porque não podemos ser só nós a pagar. É verdade que o SCC fez o contrato mas a Braga parques é solidária na feitura do mesmo. Agora vamos ver o que podemos fazer. Temos que ir pelos caminhos certos, não com  “sentar o cu no mocho” mais uma vez peço desculpa por ter utilizado esta frase. Reforço que não há aqui má fé do Senhor Petrucci o que houve foi desconhecimento e uma falha, uma falha que também eu cometi, quando entreguei os documentos aos técnicos e apenas os cobri por cima, como nós dizíamos na tropa. Acontece.


JJR- O Sporting tem mais alguns assuntos pendentes na justiça, com ex- técnicos ou jogadores ?

JM- Só tivemos um problema com o treinador senhor João Pinto mas que foi resolvido em tribunal, o SCC não ficou prejudicado e agora estamos a pagar o valor acordado.

Como estão .


JJR- Houve alguma evolução nas questões relacionadas com o diferendo da sua direção com ex-presidente da mesa da assembleia geral, António Lopes?

JM- Nós estamos cheios de processos desses. São assuntos que não interessam. Estamos no clube para defende os seus interesses, fazer o melhor que podemos e sabemos e, como costumo dizer e esta frase é de marca “ não tenho medo de ninguém”. Uma coisa lhe garanto, Deus nos ajude e dê saúde ao nosso treinador e garanto-lhe que este ano o SCC vai ter os problemas que há anos andam para ser resolvidos, deixar o clube sem dividas..


RCB- Como está a questão da área social?

JM- Estamos a pagar o leasing e o que recebemos de rendas não chega para pagar metade da mensalidade ao banco. A equipa profissional trabalha para ajudar a formação e para as infraestruturas que o clube tem e isso não pode ser. As infraestruturas é que têm que dar dinheiro para o futebol profissional.


JJR- O Sporting pode chegar à liga principal?

JM- Adorava muito ir para a 1ª liga, ninguém gosta mais de ganhar do que eu, só sei ganhar, mas sei dar a mão à palmatória -  ainda bem que este ano temos perdido menos vezes – mas a subida é muito complicado.


JJR- Qual é a sua posição em relação à contestação que está a ser feita ao presidente da Liga, Mário Figueiredo?

JM- Uma vergonha. O SCC nunca apoiou o Dr. Mário Figueiredo, avisei, votamos. Fico triste que as pessoas que o lá puseram sejam as mesmas que o querem por de lá para fora. Ele termina o mandato em Junho, e na minha opinião o melhor é deixar passar o tempo.


JJR- Qual a sua opinião da eventual divisão da Liga de Honra em duas zonas ?

JM- O SCC foi o único clube que votou contra esta proposta. É uma vergonha. Um dia destes acabam com a 2ª liga e volta tudo para  Federação.


RCB- Esteve presente na reunião que o Sporting promoveu para apresentar sugestões para melhorar o futebol nacional ? O que achou das propostas ?

JM- Fui convidado mas não oportunidade de ter estado presente, embora tenha todos os documentos ainda não tive tempo de os analisar, mas é positivo haver quem lance ideias para melhorar o futebol.


JJR- Como analisa as questões da arbitragem. O Sporting foi muito prejudicado no recente jogo que realizou em Viseu. A actuação de Duarte Gomes foi uma situação isolada ou Sporting tem referenciados outros maus desempenhos dos árbitros?

JM- Acho que a arbitragem no global está melhor. Os árbitros têm feito um bom trabalho. Eu que esta época tenho ido para o banco em todos os jogos, verifico que não é fácil. Nós cá fora não vemos alguns lances e acredito que aos árbitro aconteça a mesma coisa. Nós temos tido arbitragens excelentes. Nos 37 jogos já realizados, tivemos 5/6 arbitragens menos conseguidas. No deve e haver não deve haver diferença, agora, sempre se pode melhorar. O problema das televisões não ajuda nada, com as inúmeras câmaras vê-se tudo e discute-se a intensidade e ai esteve bem o presidente do Sporting ao se referir ao intensómetro.

Em Viseu apercebi-me que o árbitro esteve mal, mas que quer que lhe diga. Não foi por vontade dele, com certeza, pode ter sido por influência do auxiliar, o que é verdade é que o SCC foi prejudicado.


JJR- Como vai o relacionamento do Sporting com outros clubes da cidade e região e também com a AFCB?

JM- O SCC sempre se deu bem com todos os clubes, só não se dá bem connosco quem não quer. Da AFCB tenho algumas razões. Dou-me bem com o senhor Presidente, mas há alguns problemas nas camadas de formação. Nos mais pequeninos organizam-se os encontros e a AFCB nem árbitros indicam para os jogos. Não gastam um cêntimo, no entanto os clubes pagam as inscrições, mas são pequenas coisas.


JJR- Porque não fornece as convocatórias à comunicação Social?

JM- Para não dar trunfos aos nossos adversários

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