Pedro Passos Coelho prometeu que o ajustamento orçamental se faria sem sacrifício para a classe média, mediante a simples eliminação das gorduras do estado. Prometeu que jamais mexeria nos subsídios de féria e de Natal. Garantiu que, com ele, prontamente melhoraria o rating da república.
Eleito, prontificou-se a "ir além da troika". Detetou um desvio colossal nas contas do primeiro semestre. Para colmatá-lo, lançou um impostos extraordinário sobre os rendimentos. Logo depois, os trabalhadores ao serviço do estado e das suas empresas viram definitivamente cancelados os 13º e 14º meses. O governo garantiu que estávamos perto do ponto de viragem.
Em pouco mais de seis meses, esvaíram-se em fumo todas as delicodoces juras de Passos Coelho.
Porém, mais uma agência baixou o rating de Portugal. O risco de bancarrota subiu para os 70% e, no mercado secundário, aumentaram em flecha os juros da nossa dívida pública. Nos primeiros dias de Janeiro, veio a público que Gaspar se esquecera de incluir no orçamento de 2012 o pagamento das pensões dos bancários. Esta semana, tivemos a confirmação de que não houve qualquer desvio na despesa pública; inversamente, a receita caiu a pique no final do ano em resultado da recessão induzida pelo ataque ao rendimento disponível dos cidadãos.
Em pouco mais de seis meses, esvaíram-se em fumo todas as delicodoces juras de Passos Coelho.
Eis a fatura de ir além da troika.
Será Passos Coelho um mentiroso? Não, apenas um tolo facilmente manipulado pela gente determinada que o rodeia.
Sabe-se que foi longamente preparado numa incubadoura controlada por figurões como Ângelo Correia e Ilídio Pinho. Como todas as pessoas incultas, dedica uma fé supersticiosa a gente como Gaspar, munida de diplomas académicos cuja natureza e valor não entende. Imaginamo-lo deslumbrado nos fóruns europeus no meio dos grandes da europa, com os quais pode trocar algumas palavras sobre a chuva que foi encontrar em Bruxelas em comparação com o lindo tempo que faz por cá.
Se amanhã o seu governo cair e Passos seguir rumo a um exílio dourado, não haverá mal. Ele terá conseguido, num brevíssimo período de tempo degradar o estado social, descapitalizar a segurança social, reforçar a precariedade laboral e operar uma significativa descida dos níveis salariais - numa palavra, terá finalmente conseguido cumprir o programa oculto do PSD sem sequer o ter submetido a sufrágio.
Se isto não é um génio, o que será um génio?
Sem comentários:
Enviar um comentário